terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que é um ensaio?

É difícil definir um ensaio, porque este termo designa um texto que pode ter diferentes formas e objectivos. Uma definição simples deixaria de fora a maior parte dos diferentes tipos de ensaios. 

Um ensaio pode ser um texto argumentativo, ou seja a defesa de uma tese acerca de um problema que não tem uma resposta óbvia. Mas também pode ser a apresentação de resultados de um estudo, o desenvolvimento de um tema, a análise aprofundada de um conceito, uma biografia, o desdobramento de um problema em subproblemas, uma dissertação,...
O que há de comum a estas diversas formas é que se trata do desenvolvimento ou aprofundamento de um tema ou de um problema. Um outro aspecto comum é que se trata de um texto original - não se esperando que se descubra a pólvora, mas apenas que seja um texto pessoal, nascido de uma reflexão e/ou do estudo realizado pela pessoa que o apresenta. Esta pessoa tem alguma (por vezes muita) liberdade para preparar e redigir o seu texto, sendo de esperar que não haja dois ensaios iguais sobre  mesmo tema. Cada pessoa repara em pormenores diferentes, tem interesses próprios, reflexões pessoais e uma história de vida que se vão reflectir nas observações que faz e na forma como desenrola o fio do raciocínio e monta uma dada relação entre as diferentes partes do texto.
Neste blogue podem ser encontradas recomendações para a produção de ensaios argumentativos, por ser esta a forma mais normalizada. Num ensaio argumentativo, o ponto de partida (o eixo) do texto é um problema cuja resolução assenta numa decisão ou numa aceitação: serve para persuadir um público ou para analisar, numa discussão, as justificações de diferentes respostas. Podemos utilizar a mesma estratégia de partir de um problema para realizar outro tipo de ensaio: a colocação da pergunta dá lugar à apresentação de uma resposta e à sua justificação; ...ou ao desdobramento da pergunta, ao isolamento de factores ou conceitos, à análise das relações entre os diferentes factores ou conceitos, e à apresentação de uma resposta... São dois exemplos do que se pode fazer.

A maior parte das pessoas que procuram este blogue são alunos/estudantes a quem foi pedido um trabalho. A eles dirijo uma primeira recomendação: se a sua professora lhe pediu para escrever um ensaio, procure saber ao certo o que ela (ou ele) entende que é um ensaio. Procure saber quais são os elementos que se espera que o seu ensaio tenha e a forma como eles serão avaliados. É aconselhável que aos alunos que se iniciam na escrita de ensaios sejam dadas algumas indicações, normas ou sugestões sobre como fazer um ensaio; sobretudo se se pretende obter um produto tipificado/normalizado. 
Esta tipificação é de grande importância para os alunos que se espera que venham a fazer estudos universitários. 
No entanto, alguns professores gostam que os seus alunos suem, para que o trabalho realizado deixe marcas profundas. Nestes casos, se o professor não fornece um esquema prévio do que deve ser um ensaio, é aconselhável que, a bem do fair play, aceite qualquer trabalho e saiba apreciar a qualidade que inevitavelmente lhe chegará em diferentes formas. (Os alunos devem também estar atentos, porque quando não há um padrão definido, o normal é que haja uma grande variedade. A ausência de variedade indica que todos foram copiar à mesma fonte...)

Recomendações básicas:

1. Se não tiver uma ideia melhor, opte por um texto argumentativo (neste blogue é explicada a sua estutura): coloque questões, partindo de uma questão central, e responda-as. Apresente justificações e ligue as várias afirmações/respostas a que vai chegando.

2. Escreva como se tivesse de se explicar a um jovem de doze anos inteligente, mas que não conhece o assunto e tem um vocabulário limitado (se tiver de utilizar termos técnicos, explique-os)
3. Não há omeletes sem ovos: a capacidade de desenvolver um tema exige conhecimento do assunto e treino. É necessário estudar e pesquisar, analisar o tema de maneira a identificar os conceitos ou tópicos-chave, fazer resumos, sínteses e diagramas. A cultura geral também é muito útil, assim como saber colocar/analisar perguntas e fazer muita reflexão pessoal ou partilhada com outros.
Se houve tempo para estudar o tema, o mais aconselhável para se fazer em seguida é identificar os tópicos ou problemas mais importantes e começar a desenvolver vários textos a partir deles (provavelmente acabando por dizer a mesma coisa a partir de pontos diferentes: pode se um trabalho monótono, mas permite que aquando da escrita do ensaio - se esta for feita na aula ou num exame - não seja preciso pensar muito sobre como o texto irá ser montado). 
Ainda que não saiba de antemão qual será o tema a desenvolver, deverá escolher e desenvolver alguns temas do tipo que espera que venha a ser debatido. Deste modo, estará a praticar a rotina de produção de um ensaio, ou seja, a mecanizar o processo de escrita, permitindo que daí em diante os seus textos quase se escrevam sozinhos.

4. Uma última recomendação: quando tiver de fazer este tipo de exercício de escrita, procura fazê-lo com alguns colegas, porque se estimularão uns aos outros.

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