quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nick Cave é a personalidade do mês de setembro


Já deves conhecer Nick Cave, pelo menos a sua faceta como cantor, mas sabias que ele agora também escreve? É verdade…
Vem visitar a exposição na BE e descobre este fantástico compositor e intérprete.
Fotos e mais fotos…

 
 

 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Será mesmo um texto do séc. XIX? A sua atualidade é confrangedora...


Um povo resignado e dois partidos sem ideias

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política,

torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.”

Guerra Junqueiro, in pátria 1886

domingo, 23 de setembro de 2012







E TODA A NOITE A CHUVA VEIO

E toda a noite a chuva veio
E toda a noite não parou,
E toda a noite o meu anseio
...
No som da chuva triste e cheio
Sem repousar se demorou.

E toda a noite ouvi o vento
Por sobre a chuva irreal soprar
E toda a noite o pensamento
Não me deixou um só momento
Como uma maldição do ar.

E toda a noite não dormida
Ouvi bater meu coração
Na garganta da minha vida.

Fernando Pessoa

                                                                    
 


domingo, 9 de setembro de 2012

Conselho para os rapazes... mas as raparigas também o podem seguir...

 
 
 
    
 
Namora uma rapariga que lê,
de Rosemary Urquico.
 
O texto é de Rosemary Urquico e é simplesmente fabuloso...
 
«Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.
Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito impercetível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.
Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.
Oferece-lhe outra chávena de café com leite.
Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, Cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.
Ela tem de arriscar, de alguma maneira.
Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto na saga Crepúsculo.
Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.
Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.
Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve.»
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Biblioteca da ESPAMOL continua à tua espera...

Bem-vindos à Bibloteca!
Bom ano letivo 2012-2013 para todos os nossos amigos leitores!
 
E porque a leitura se pode fazer em qualquer parte... atreve-te!

André Kertész
 
 
 
OS LIVROS
 


Os livros. A sua cálida
Terna, serena pele. Amorosa
Companhia. Dispostos sempre
A partilhar o sol
Das suas águas. Tão dóceis
Tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua branca e vegetal cerrada
Melancolia.
Amados
Como nenhuns outros companheiros
Da alma. Tão musicais
No fluvial e transbordante
Ardor de cada dia.


Eugénio de Andrade
Antologia Breve
Porto, Editorial Nova, 1972
                                     
                                      

 

Os nossos alunos foram notícia...










Reportagem do Projeto “Parlamento dos Jovens – Ensino Secundário”
 

                A nossa aventura, para mim e para os meus colegas participantes no projeto, teve início com a construção, apresentação e discussão das medidas a submeter à sessão escolar, logo em Janeiro.
              Depois de muito esforço e dedicação, conseguimos, no dia 6 de Março de 2012, na sessão distrital que se realizou em Faro, lutar pelas nossas propostas, convencendo os nossos outros colegas deputados de que as nossas medidas eram exequíveis, sendo o nosso trabalho reconhecido, após a votação do projeto final a levar à sessão nacional, tendo sido a nossa escola, juntamente com a escola secundária de Albufeira, a mais votada para representar o círculo eleitoral de Faro na sessão nacional, na Assembleia da República.
             Com esta conquista, o objetivo de se construir um futuro melhor para as gerações futuras, em que a cidadania e a solidariedade estejam presentes no dia-a-dia de cada um de nós, começou a cumprir-se.
             Nos dias 28 e 29 de Maio de 2012, e em trabalho de pares, tudo fizemos para que as “nossas” medidas viessem a fazer parte do projeto final, a submeter na sessão plenária, o que efetivamente voltou a estar ao nosso alcance, uma vez que duas das medidas constantes do mesmo passaram a fazer parte do projeto da 2ª comissão.  A partir daí foram variadíssimos os contatos que estabelecemos com jovens de todo o país, incluindo dos arquipélagos da Madeira e dos Açores e ainda da Escola Portuguesa de Macau.
             Todos unidos, em prol de um único e maior objetivo: promover a cidadania através das redes sociais”.
              A receção que nos foi prestada enalteceu-nos e também a todos os que nos acompanharam até esse momento máximo do nosso desempenho, fazendo-nos sentir verdadeiros deputados e verdadeiros jornalistas, ainda que só por dois dias, mas que poderão ter sido os primeiros de muitos outros. A forma como todos os funcionários e restantes membros da Assembleia da República nos trataram, foi indiscutivelmente a melhor.
             Impõem-se-nos ainda fazer um sentido agradecimento à Câmara Municipal de Lagoa, que incondicionalmente, nos apoiou desde o primeiro instante, tendo colocado ao nosso dispor toda a logística necessária, para tornar possível a concretização deste nosso objetivo, agradecimento também ele extensivo à nossa professora, pois sem ela não teria sido possível vivermos este sonho.
             Chegados a este momento, estamos certos de termos honrado o nosso distrito e sobretudo a nossa escola, provando a todos os que acreditaram em nós e não menos aos que se mantiveram mais distantes do nosso trabalho, que afinal não somos uma geração sem futuro e, mais do que isso, somos uma geração que se preocupa com o futuro, o nosso e o de todos os que nos rodeiam.
            Não será certamente tarefa fácil, mobilizar tantos jovens em prol de uma causa, por mais útil que ela possa ser, mas foi sem dúvida fácil, deixar-nos fascinar por um projeto desta dimensão e com esta capacidade de nos fazer pensar e agir em coletivo.
            O nosso reconhecimento à equipa de coordenação da Assembleia da República será sempre pouco, perante um desafio tão enriquecedor para os que nele tiveram a honra de participar, ainda que nem todos tenham conseguido chegar tão longe quanto nós chegámos.
            É com grande orgulho que hoje damos a conhecer o nosso testemunho, que hoje mostramos a história da nossa participação, acreditando que esta será para repetir, tantas as vezes quantas as que nos forem permitidas, tantas as vezes que soubermos levar a bom porto as nossas ideias, as nossas convicções.
            Ainda uma palavra final dirigida todos os nossos colegas, levando-os a unirem-se a esta causa tão nobre e dando-lhes a garantia de como é gratificante, “regressar a casa” com a certeza do dever cumprido.
            Outros antes de nós já terão sentido esta felicidade e outros certamente nos sucederão.                           
A jornalista:
Carina Isabel Martins Carvalho


AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PADRE ANTÓNIO MARTINS DE OLIVEIRA - Lagoa