segunda-feira, 20 de junho de 2011

Onze das mais espantosas bibliotecas da Antiguidade
Carol Brown
Tradução: Paulo Sousa

Este artigo foi-nos enviado por Kaitlyn Cole, escritora ao serviço de onlineuniversities.com. Contamos em breve traduzir o artigoThe 10 Most Posh Public School Systems in America”, que podem encontrar em

Villa dos Papiros, Herculano
As bibliotecas, independentemente de pertencerem ou não a uma universidade, a uma rede pública ou, simplemente, a um particular, são uma vértebra fundamental da espinha dorsal da sociedade. Estas instituições intelectuais permitem que o conhecimento e a aprendizagem sejam igualmente acessíveis a todos os indivíduos, empresas e localidades, evitando a estagnação mental – e, subsequentemente, a estagnação colectiva. É de notar, também, que elas não são uma coisa nova!Ao longo de milhares de anos, bibliotecas de todos os tipos e dimensões têm ajudado a humanidade a progredir cada vez mais, permitindo o surgimento das maiores inovações alguma vez engendradas. Apesar de todas, exceto uma, terem gradualmente sucumbido ao fogo e ao tempo, estas maravilhas da antiguidade merecem a nossa admiração e foram reconhecidas/consagradas por todos os seus sucessos na promoção dos mais diferentes tópicos académicos e literários imagináveis.


  1. Villa dos Papiros: Localizada em Herculano, na Itália, a Villa dos Papiros tem a honra de ser uma das poucas (senão a única) bibliotecas do período clássico que praticamente sobreviveram até aos nossos dias – apesar e a erupção do Monte Vesúvio, de 79 d.C., a ter sepultado sob toneladas de cinzas vulcânicas. Escavada em 1752, os arqueólogos descobriram no piso superior pelo menos 1785 rolos carbonizados ainda intactos (aos quais este local arquológico deve o seu nome), estando o piso inferior ainda por explorar. Lucio Calpurnio Piso Caesonio, sogro de Júlio César, poderá ter sido o proprietário desta enorme habitação, a qual se encontrava sobrepovoada por oitenta belíssimas esculturas (a maior parte das quais em bronze) e apresentava alguma da mais sofisticada arquitectura da sua época. Dado o gosto do proprietário pela filosofia, a maior parte dos textos presentes na sua biblioteca privada foram pessoalmente escolhidas pelo seu querido amigo, o epicurista Filodemo de Gadara.
  1. Biblioteca Real de Ashurbanipal: Ainda que nada mais, nesta majestosa biblioteca assíria, conseguisse impressionar os leitores, o facto de ter possuído as tabuinhas originais que continham A epopeia de Gilgamesh consegui-lo-ia. Aninhada en Ninive, a antiga capital imperial, a Biblioteca Real de Ashurbanipal – que recebeu o nome do mais importante dos seus últimos reis – gabava-se de possuir milhares de documentos. O Museu Britânico estabelece o número exacto de 30.943 itens sobreviventes. Claro está que a maior parte destes são tabuinhas gravadas em escrita cuneiforme acadiana, cobrindo uma vasta gama de assuntos e mostrando soberbamente o orgulho que o rei tinha no seu saber. Os historiadores acreditam que a biblioteca ruiu aquando da queda de Ninive, como resultado do ataque dos medos, babilónios e citas, em 612 a. C. O fogo ateado para a destruir acabou por cozer as tabuinhas de barro, preservando-as durante milahares de anos. Os textos gravados em cera não tiveram tanta sorte.
  1. Biblioteca de Pérgamo: Plutarco considerava que aquela que era a principal biblioteca da antiga Turquia, na antiga Pérgamo (a actual Bergama) possuía mais de 200.000 documentos, mas o facto de não ter sobrevivido qualquer documentos administrativo torna impossível confirmar se assim foi. Diz-se que Marco António terá enviado todo o acervo desta biblioteca a Cleopatra VII - um estupendo presente de noivado - e que esta o depositou imediatamente na Biblioteca Real de Alexandria. Os aficionados da arqueologia bíblica adorarão visitar as ruínas da Biblioteca de Pérgamo, dado que S. João de Patmos se refere a ela como uma das Sete Igrejas da Revelação.
    
    Biblioteca da Universidade de Nalanda,
    Bahir, Índia
    
  1.   Universidade de Nalanda: Bahir, na Índia, é a terra de um dos mais elogiados círculos intelectuais do mundo antigo, tendo sido a Universidade de Nalanda o seu centro nevrálgico entre, aproximadamente, 427 e 1197 d. C. A sua biblioteca, alcunhada de “Dharmaganja” (“Tesouro da Verdade”) e de “Dharma Ghunj” (“Montanha da Verdade”), estaria repleta com centenas de milhares de textos. Nos seus tempos áureos, a Universidade de Nalanda era elogiada por possuir a maior colecção de literatura budista, ensinar novos seguidores, desenvolver novas filosofias e ajudar a fé budista a espalhar-se pelo sul da Ásia. O ano de 1193 viu os invasores turcos incendiarem esta prestigiada casa do saber; diz a lenda que precisaram de meses para conseguir destruir tudo.  
  1. Biblioteca teológica de Cesarea Maritima: Até à sua destruição total, em 638 d.C. (data estimada), a Biblioteca Teológica de Cesareia Maritima era a maior e mais influente biblioteca eclesiástica do mundo antigo. Entre as suas maravilhas literárias encontrava-se O Evangelho segundo os Hebreus, muito possivelmente a única cópia completa da Héxapla [Héxapla: Bíblia editada em seis versões: a Hebraica; a do hebraico transliterado em grego; a versão de Áquila de Sínope; a versão de Símaco, o ebionita; a Septuaginta; a versão de Teodócio de Éfeso - http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9xapla] e as obras de S. Jerónimo, de Basílio, o Grande, e de Gregório de Nazaré – entre outros filósofos religiosos altamente conceituados. Grande parte das suas 30.000 obras foram recolhidas graças a Origenes e S. Pânfilo de Cesareia, sendo a sua maior parte acerca do cristianismo.
  1. Bibliotecas de Ugarit: Localizada na Síria moderna, a biblioteca de Ugarit orgulhava-se de ter pelo menos cinco requintadas bibliotecas. Duas delas, uma das quais pertencia a Rapanu (um diplomata), eram privadas – algo raro em 1200 a.C. Uma daquelas bibliotecas estava localizada no palácio e outra num templo. Todas elas coligiam tabuinhas de barro e o seu conteúdo cobria uma ampla gama de assuntos, tratados em pelo menos sete línguas diferentes. A maior parte destes textos, como se imagina, debruçavam-se sobre política, direito e economia, mas a religião, os estudos académicos e a ficção não eram temas invulgares.
  2. Bibliotecas do Forum: O Fórum de Trajano, sede da Bibliotecha Ulpiana, deve ser a mais famosa das bibliotecas romanas. Mas tal não nos deve levar a pensar que essa é a única instituição que merece ser inevstigada! Tanto o templo de Apolo Palatino como o Porticus Octaviae possuíam as suas próprias livrarias, tal como acontecia com outros fóruns imperiais. Todos estes deveriam coleccionar textos em latim e grego – por vezes noutras línguas – em secções separadas, para facilitar o acesso aos mesmos.
  3. Bibliotecas de Timbuktu: A lendária cidade do Mali foi e um dos mais influentes centros intelectuais da época medieval. Como uma unidade coesa, as suas espantosas bibliotecas (e a universidade) albergavam os mais de 700.000 manuscritos agora famosos. Estes trabalhos colheram grande atenção nos últimos anos, em grande parte devido ao facto de terem permanecido ocultos por mais de um século. Muitos destes justamente considerados tesouros literários versam sobre o Islão e temas islâmicos, e são escritos em árabe. Alguns deles tesouros são também maravilhosos exemplos de manuscritos iluminados.
  4. Biblioteca de Celso: O senador greco-romano Tibério Júlio Celso jaz sepultado sob a biblioteca que ostenta o seu nome, a qual é agora uma ruína na actual Turquia. A sua dupla herança foi honrada tanto pela arquitectura do edifício como pelo belíssimo conteúdo das suas estantes. Terminada em 135 d.C., albergou 12.000 rolos e pode ter servido de modelo a outros edifícios semelhantes, que o fúria dos tempos fez desaparecer. O local de deposição do sarcófago de Celso foi bastante invulgar para o seu tempo, já que poucos políticos apreciariam a excelsa honra de passar a eternidade dentro da sua própria biblioteca.
  5. A biblioteca Imperial de Constantinopla: Constantinopla, a actual Istambul, situava-se no coração do Império Bizantino. E no coração da antiga Constantinopla situava-se uma das mais grandiosas bibliotecas da história, quer do mundo antigo, quer do mundo contemporâneo. Durante quase mil anos, a Biblioteca Imperial (criada durante o reinado de Constantino II, entre 337 e 361 d.C.) manteve vivas e acessíveis as tradições literárias latina e grega. Orgulhava-se ainda de possuir um admirável scriptorium destinado a preservar e transcrever papiros frágeis e outras obras. O fogo, infelizmente, mostrou o seu poder destrutivo em duas ocasiões: um primeiro incêndio, em 473, destruiu circa 1200 textos ; a quarta cruzada, em 1204, terminou a destruição.
  1. A Biblioteca Real de Alexandria
    A Biblioteca Real de Alexandria: A Biblioteca Real de Alexandria, a outrora jóia da coroa do antigo Egipto, será o primeiro nome que vem à cabeça da maior parte das pessoas quando se fala em instituições intelectuais do Mundo Antigo. Júlio César teve a infame iniciativa de a mandar incendiar em 48 a.C., destruindo o que então era um dos maiores repositórios mundiais de textos literários, políticos, legais, económicos, científicos, filosóficos e religiosos. Desde o Século III a.C. até à fúria colectiva que provocou a sua destruição, o antigo Egipto utilizou esta biblioteca em busca de conhecimento e informação. Ela albergava um museu cujos artefactos, juntamente com a sua colecção de textos, a faziam brilhar. Diz-se que o rei Ptolomeu II queria que esta prestigiada instituição detivesse pelo menos 500.000 obras, sendo que cada uma destas estaria escrita em vários rolos.
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terça-feira, 14 de junho de 2011

Direito à morte assistida?

Encontrámos uma notícia que tem interesse para os alunos de filosofia e para os que se interessam por questões morais.
Este tema e outros do mesmo âmbito são abordados em obras que temos na Biblioteca, na secção de Filosofia (cota 17 - ética), das quais destacamos:
   SINGER, Peter - Ética prática, Lx., Gradiva, 1999
   RACHELS, James - Elementos de filosofia moral, Lx Gradiva, 2003

Consulte o índice analítico e procure termos como "eutanásia" ou "suicídio".



Eis o endereço de onde a retirámos e onde podem assistir à entrevista de Terry Pratchett:
http://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-13758286

O escritor Sir Terry Pratchett declarou que ter testemunhado a morte assitida de um homem, documentada para uma controversa reportagem da BBC, não afectou o seu apoio à causa do suicídio assitido.

No programa Escolher a morte (Choosing to Die), o escritor de 63 anos – que tem a doença de Alzheimer – deslocou-se à Suíça para testemunhar a morte de um cidadão britânico que sofria de doença neuromotora (?).

Liz Carr, uma defensora dos deficientes, considerou que se tratou de propaganda a favor do suicídio e declarou-se surpreendida por ter sido realizada pela BBC.

A BBC declarou que a reportagem da passada segunda feira ajudaria os telespectadores a “formarem as suas próprias opiniões”.

O programa, mostrava Peter Smedley, um gerente hoteleiro de 71 anos, a viajar de sua casa, na ilha de Guernesey, até à Suíça para tomar uma dose fatal de barbitúricos, que lhe foi fornecida pela organização Dignitas.

A dignidade da vida
Sir Terry, que participou no filme para poder decidir se podia escolher morrer no momento e da forma que quisesse, declarou que observar a actuação da Dignitas não o fez mudar de opinião.
Defendo que uma pessoa subitamente vitimada por uma doença fatal deveria poder escolher morrer de forma tranquila e com ajuda médica, em vez de sofrer”, declarou ele na BBC's News Night.

Questionado sobre a santidade da vida, Sir Terry respondeu: “E o que dizer sobre a dignidade da vida?” A falta de dignidade motivo suficiente para algumas pessoas porem termo à vida, afirmou ele.

Disse ainda que defende o direito ao suicídio assistido deveria ser estendido àqueles que ultrapassam a idade limite para darem o seu consentimento. Acusou ainda o Governo de fazer marcha atrás na questão do suicídio assistido.
Sinto vergonha por o povo britânico ter de se arrastar até à Suíça, suportando despesas consideráveis”, declarou.

A BBC negou que apresentação do seu programa facilite o aparecimento de outros suicídios, por imitação, e considerou que ajudará os telespectadores a formar a sua opinião acerca desta questão.

O realizador do documentário, Charlie Russel, declarou que a decisão de filmar a morte do Sr. Smedley foi muito ponderada.
Como realizador, senti que estava a mostrar a realidade e que, infelizmente, todos havemos de morrer”, disse. “Não é bonito, mas é algo que nos acontece a todos”

O Sr. Carr disse:
Eu e muitos outros idosos incapacitados e que sofrem de doenças incuráveis receamos o significado da legalização do suicídio assitido e os efeitos que ela pode provocar, e consideramos que estes argumentos não estejam a ser debatidos, mas descartados, e que as salvaguardas não estão a ser devidamente tidas em conta.
Até termos esse debate devidamente programado, não me sinto com vontade para participar nesse debate mais alargado”

O Justo Reverendo Michael Langrish, Bispo de Exeter

O Bispo de Exeter, o Justo Reverendo Michael Langrish, defendeu:
Espero que o direito das pessoas à vida seja defendido com mais ênfase do que o seu direito à morte.” Disse ainda: “A lei ainda acarinha aquele sentido do valor intrínseco da vida. Mas, em última análise, a lei não existe para limitar a capacidade de escolha dos indivíduos. Existe para impedir que a acção e a cumplicidade de terceiros ditem a morte de uma pessoa. Isso continua a ser ilegal. Podem existir circunstâncias atenuantes a ter em conta; a a lei continua a ser clara e existe para proteger os mais vulneráveis.”

Debbie Purdy, que sofre de esclerosa múltipla, foi a tribunal para impedir que o seu marido seja processado por a companhar à Dignitas.
Qualidade de vida”, disse ela no debate que se seguiu ao programa. “Os políticos não se actualizaram. Os advogados e juízes foram os únicos que se prepararam para defender os meus direitos... e o meu direito à vida e à qualidade de vida é para mim a coisa mais importante.”

Nos últimos 12 anos, 1.100 pessoas de toda a Europa foram “assitidas na sua morte” pela Dignitas. Uma porta-voz do grupo de pressão Morte Digna (Dignity in Dying) disse que [o documentário] foi
profundamente comovente e difícil de assistir.” Ele disse que “percebeu-se bem que não se quis esconder a realidade da morte assistida. Desafia-nos a todos a continuar a reflectir sobre este importante problema e questiona-nos sobre as escolhas que queremos fazer para nós próprios e para os nossos entes queridos perante o final das nossas vidas.” Afirmou que o actual quadro legal do Reino Unido implica “não só que as pessoas tenham de viajar para o estrangeiro, mas que haja quem ponha fim à vida em sua casa, atrás de portas, sem a juda de médicos, ou recorrendo aos seus entes queridos que os ajudam cometendo um crime.”

Propaganda

A associação Morte Digna exige uma lei da morte assitida “devidamente salvaguardada”.
Mas Alistair Thompson, porta-voz do grupo de pressão Aliança Cuidados Contra a Morte afirmou: “Isto é propaganda a favor do suicídio assistido mal disfarçada de documentário”. Os activistas defendem que, sobre este tema, este é o quinto programa em três anos produzido pela BBC e apresentado por activistas a favor da eutanásia. Disse ainda:
Os factos revelam que quanto mais se mostra [notícias sobre suicídios], mais suicídios são cometidos. A BBC trabalha para objectivos diferentes dos de outros meios de comunicação e tem a responsabilidade de, no seu programa, apresentar imparcialmente os dois lados da questão.”

A BBC negou  ser tendenciosa acerca deste problema e um seu porta-voz afirmou que o documentário “se debruçava sobre a experiência de uma pessoa, a viagem de Sir Terry pelas implicações da experiência que ele está a viver na sua própria pele.” Acrescentou ainda que o documentário ajuda as pessoas a formarem as suas próprias opiniões acerca destas questões.”


Um porta-voz do Ministro da Justiça declarou: “O Governo acredita que qualquer alteração da lei numa área assim tão emotiva e polémica é uma questão que diz respeito à consciência individual e é um problema acerca do qual as decisões políticas cabem ao Parlamento e não ao Governo”

O documentário Escolher a morte e o debate na BBC's Newsnight podem ser vistos no BBC's iPlayer.