domingo, 25 de dezembro de 2011

Coitado do Peru


Um Figurão

-Para a mesa é que eu não vou! –
Dizia o peru
A fazer Glu Glu.
-Prefiro uma pinguinha
De aguardente,
À tardinha.

E lá caiu na esparrela
De beber a aguardente
E apanhar “uma piela”…
Boa mão o temperou,
Belo forno o assou.
Fez na mesa um figurão!

In “O Livro do Natal” Menéres, Maria Alberta

Feliz Natal!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Resultados da oficina de escrita criativa que decorreu na biblioteca no dia 29 de novembro

E  S  C  R  I  T  A      C  R  I  A  T  I  V  A



 1ª actividade: Apresentação (em acróstico)

Material: folha de papel e caneta                                                         
Tempo: 5 minutos
LEITURA DE CADA ACRÓSTICO
M uito
A tenta
R esponsável
I mpertinente
A morosa, por vezes.
N ada teimosa
A tenciosa
J
V aidosa
A legre
L eal
E nunca
R acista
I nquieta
A migável


A tencioso
N ada
T eimoso
O riginal
N unca
I rrito
O s outros
J

L eal,
E specialmente
T agarela
I mpertinente
C onsciente
I rritante,
À s vezes

J
F anático
A tento
B rincalhão
I nteligente
O uvinte
J
I rresponsável
V árias vezes,
A tencioso,
N unca








2ª atividade:   Ana? Gramas fazer isto, é?

                        Isto é…  fazer anagramas?

a)      No quadro escrever P R T O A

b)      Descobrir quantas palavras se conseguem escrever com as 5 letras ( sem repetir nem deixar nenhuma de fora).

c)       Escrever o texto mais curto que se conseguir, usando as palavras descobertas bem)

d)      Ler o texto em voz alta e de forma rápida


Material : folhas de papel e canetas

Tempo: 4+ 4 minutos
RESULTADOS
A  TROPA  estava numa missão de RAPTO. Um soldado forçou a PORTA e entrou casa adentro, foi à cozinha, sacou dum TRAPO, partiu um PRATO e deparou-se com o alvo a meio do PARTO.
 (Fábio, 9ºC)

Eu PARTO para a TROPA hoje, por isso parti um PRATO e depois bati com a PORTA ao sair. Agora pus um TRAPO no muro para fugir da TROPA.
Valéria 10ºC

Comia no meu PRATO frango assado, enquanto na TV via notícias sobre um RAPTO em que a TROPA estava envolvida. Assim PARTO  furioso, abro aPORTA, vesti um TRAPO e PARTO em busca do ladrão
António 10ºC
A PORTA abriu-se e ouviram-se gemidos de uma mãe que teve um filho de um soldado da TROPA que foi vítima de um RAPTO e que a mulher agora está em PARTO, usando apenas um TRAPO limpo as lágrimas de um PRATO.
Igor 9ºE

Atrás daquela PORTA há um PARTO, o que me fez TOPAR foi o TRAPO ensanguentado. É rapaz, quando crescer irá para a TROPA. Agora que a comida está pronta, esperemos que não haja nenhum RAPTO pois está na hora de ir para ao pé do PRATO.
Mariana 10ºC

3ª atividade: 20 letras

(grupo – 4/5 elementos)

a)      Cada um escreve 20 letras ordenadas em palavras (que podem ficar incompletas)

b)      Todas as letras contam

c)       O tema é livre

d)      A folha passa de aluno para aluno dentro do grupo, após as 20 letras escritas, e o seguinte continua a história

e)      Ler os textos produzidos


RESULTADOS:

Grupo I

Saudade é amar incondicionalmente, pensar, sonhar e chorar por alguém que faz das nossas vidas, alguém que nos deixa felizes, sem olhar a aparência, mas apenas olhar para o seu interior
António, Letícia, Mariana e Valéria (10ºC)

Grupo II

Há quem diga que existe Amor à primeira vista. Eu não acredito nisso. Pois só há amor à segunda ver é crer e crer é poder e, acena de tudo, o amor consta do coração e não da visão do corpo. O corpo tem o perfume que todos querem, a sedução reina neste.
Fábio e Ivan (9ºC) e André e Igor (9ºE)


4ª atividade: Descrição de uma imagem – paisagem com neve - através de apenas 4 dos sentidos(audição, tato, olfato, paladar)

Material: projetor, uma imagem projetada, folha de papel e canetas
Tempo: 8 minutos
Leitura dos textos produzidos

Está frio, cheira à Natureza, o solo é fofo, e está a ir a baixo cada vez que dou um passo. Isto é duro, pois bati com a cabeça e cheira-me a casca de árvore, caem coisa fofas na cabeça, até parece que foi o meu coração apaixonado que me deu a sensação de estar nas nuvens a pensar na minha namorada. È tudo tão bonito, imaginado no meu coração, mas isto a mim parece-me neve, deve ser uma paisagem giríssima.
Ivan

Sinto a brisa fria deste estranho lugar, enquanto o sinto, penso na vontade que tenho de o explorar, nunca lhe toquei, nunca o senti pois tudo não passou de um sonho que em breve esqueci e não voltei a lembrar. Sei que era calmo, não perguntem porquê pois como poderia explicar algo que não se sabe o que é… são memórias… são o quê? São fruto do coração, pensamento que não se vê.
Igor

Tenho tanto frio, parece que estou no meio do Ártico. Não posso ver… não sei onde estou, tanta sorte tenho por ter outros sentidos que me ajudarão a descobrir onde ando.
Sentei-me, consigo sentir o frio e a humidade do gelo debaixo de mim, é frio mas confortável esta neve. Ouço o vento a soprar fortemente como um corropio entre as árvores que imagino serem agitadas pelo vento.
Estendi a mão… senti as afiadas agulhas de pinheiros cobertos de neve, continuo sem saber onde estou mas agora vou seguir o coração.
Mariana

O ar é refrescante e ao respirar sentimo-lo como um rio de água cristalina a fluir dentro do nosso ser.
Esse frio congela-nos a pouco e pouco mas se estivermos envolvidos nos braços de quem nos ama, esse frio não consegue passar para a nossa alma, pois o amor dessa pessoa não o torna possível. O amor pode derreter o mais antigo r forte glaciar…
Letícia

Sinto algo a derreter nas minhas mãos. O leve murmúrio do vento faz-me pensar onde estou. Começo a sentir-me com frio e decido vestir o casaco, ao movê-lo sinto o cheiro a árvores e neve, algo a que não estou habituado mas que me agrada. Tento imaginar como seria se pudesse ver o que me rodeia, mas sei que não é possível e contento-me com a satisfação que esta sensação me dá. Não só o ar puro como a dificuldade de andar me dão a certeza que estou no cume de uma serra com neve.
Fábio
AGRADECEMOS A TODOS OS PARTICIPANTES E À PROFESSORA SAMEIRO, QUE DINAMIZOU A OFICINA

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

24 de Novembro, dia Nacional da Cultura Científica

Comemora-se hoje, 24 de Novembro, o Dia Nacional da Cultura Científica, dia escolhido por ser o do nascimento de Rómulo de Carvalho (1906-1977).
Para assinalar este dia, deixamos-te aqui dois vídeos um de um poema de António Gedeão (pseudónimo de Rómulo de Carvalho), chamado Poema Para Galileu, dito por Mário Viegas e outro chamado  Poema do Gato. Ainda podes deliciar-te lendo um dos poemas mais conhecidos do poeta e cientista:

Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Concurso Nacional de Leitura





AGORA, TOCA A LER!

Para ler já! Está na Biblioteca da tua escola

"Cântico Negro", poema de José Régio, contido em "Poemas de Deus e do Diabo, aborda" a problemática do indivíduo que anseia por sua afirmação a partir da contestação da norma e do afastamento da vivência coletiva despersonalizadora. O processo evidenciado em todo o poema resulta da incompatibilidade entre vivência coletiva e consciência individual, e seus valores respetivos, como atitudes existenciais que coexistem, mas que se excluem... Nesta antologia, superiormente organizada por Luís Adriano Carlos e valter hugo mãe, tem não só este como uma compilação dos poemas mais significativos de José Régio, de entre os quais se destacam: "Poemas de Deus e do Diabo", "Biografia", "As Encruzilhadas de Deus", "Fado", "Cântico Suspenso" e "Colheita da Tarde".                                                                                                                                   
                                                                                                                                   in FNAC


Cântico Negro



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta
: Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'




terça-feira, 15 de novembro de 2011

Halloween na Biblioteca da ESPAMOL

Muita animação na Biblioteca para assistir à dramatização, levada a cabo pelo 11ºB, da narrativa "Morte Vermelha" de Edgar Allan Poe; seguiu-se um powerpoint sobre as origens deste evento, contos de horror narrados pela professora bibliotecária, curtas de arrepiar e até pintura de unhas de deixar os cabelos em pé.
Muito têm para dar os alunos desta escola...
Para o ano há mais. Estamos todos de parabéns!

Vídeo e fotos para se regalarem




sábado, 12 de novembro de 2011

Apresentação da Biblioteca aos novos alunos

O Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares declarou o dia 24 de outubro como o Dia da Biblioteca Escolar. Para o celebrar, fez-se a apresentação da Biblioteca Escolar da ESPAMOL aos alunos dos 9º anos e 1º ano do CERC,  distribuindo um guia de utilizador e proporcionando a descoberta da BE, através de um bibliopaper dirigido a todas as turmas visitantes.
Agradecemos a todos os alunos e professores presentes, esperando que a biblioteca se torne um local acolhedor e promotor de aprendizagens.
Relembramos que esta foi mais uma atividade que integra a comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Problema do Mês - Matemática-

Mais um desafio que não deves deixar escapar!
Vem à Biblioteca e deixa a tua resposta. Participa!

Olimpíadas da Matemática

Não te esqueças que a 1ª Eliminatória das XXX Olimpíadas Portuguesas de Matemática é já no dia - 09 de Novembro de 2011 -

Mostra o que vales!
Já dizia Einstein: "O único homem que está isento de erros, é aquele que não arrisca acertar".

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Rapaz do Pijama às Riscas de John Boyne

Uma história de inocência num mundo de ignorância


Ao regressar da escola um dia, Bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. O seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de deixar a luxuosa casa onde vivia e mudar-se para outra cidade, onde Bruno não encontra ninguém com quem brincar nem nada para fazer. Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosamente, usam todas um pijama às riscas. Como Bruno adora fazer explorações, certo dia, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo…                                                           in Wook

Encontra-o na tua biblioteca!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Para ler e ver já!

 Ensaio sobre a Cegueira, livro de José Saramago e filme de Fernando Meirelles

Sinopse:
Uma cidade é devastada por uma epidemia instantânea de "cegueira branca". Face a este surto misterioso, os primeiros indivíduos a serem infectados são colocados pelas autoridades governamentais em quarentena, num hospital abandonado. Cada dia que passa aparecem mais pacientes, e esta recém-criada "sociedade de cegos" entra em colapso. Tudo piora quando um grupo de criminosos, mais poderoso fisicamente, se sobrepõe aos fracos, racionando-lhes a comida e cometendo actos horríveis. Há, porém, uma testemunha ocular a este pesadelo: uma mulher, cuja visão não foi afectada por esta praga, que acompanha o seu marido cego para o asilo. Ali, mantendo o seu segredo, ela guia sete desconhecidos que se tornam, na sua essência, numa família. Ela leva-os para fora da quarentena em direcção às ruas deprimentes da cidade, que viram todos os vestígios de uma civilização entrar em colapso. A viagem destes é plena de perigos, mas a mulher guia-os numa luta contra os piores desejos e fraquezas da raça humana, abrindo-lhes a porta para um novo mundo de esperança, onde a sua sobrevivência e redenção final reflectem a tenacidade do espírito humano.   in Wook.pt
Procura-os na tua Biblioteca!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Prémio Nobel da Literatura 2011 - Tomas Tranströmer

Tomas Tranströmer escreve sobre a morte, a história, a memória e é conhecido pelas suas metáforas.
Em Portugal, Tranströmer tem poemas publicados em duas antologias, uma delas chama-se "Vinte e um poetas suecos" (Vega ,1987).
Tomas Tranströmer, 80 anos, psicólogo de formação, sofreu um AVC em 1990. Por isso perdeu as faculdades motoras e não consegue falar.
Desde 1973 que Tomas Tranströmer, que é o poeta sueco mais traduzido no mundo e recebeu o Prémio Literário do Conselho Nórdico em 1990, era candidato ao Nobel. Há 40 anos que um autor sueco não recebia este prémio.
O poeta e tradutor Vasco Graça Moura disse hoje à agência Lusa que a poesia do autor sueco “tem uma grande força lírica e preocupação social” e considerou-o "um Prémio Nobel muito merecido”. “Ele é muito importante e é o maior poeta sueco vivo”, afirmou. Sobre a obra de Tranströmer, o escritor português sublinhou “a grande força de utilização das imagens, com uma faceta um pouco surrealista”.
"Nos poemas de Tranströmer, as imagens poéticas abrem por vezes portas para estados psicológicos e para interpretações metafísicas, havendo uma espécie de 'ideia religiosa' que aflora em alguns versos.
No ano passado a distinção foi atribuída ao escritor peruano Mario Vargas Llosa. O prémio tem um valor pecuniário de dez milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de euros).
Este é o quarto prémio atribuído pela Academia Sueca este ano depois do Nobel da Medicina (Ralph Steinman, Bruce Beutler e Jules Hoffmann), da Física (Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess,) e da Química (Daniel Shechtman). Amanhã será atribuído o Prémio Nobel da Paz.
In  Jornal Público, com supressões

PÁSSAROS MATINAIS
Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.
Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.
Não há vazios por aqui.
Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta que como foi caluniado
até na Direcção.
Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:
Não há vazios por aqui.
É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.
Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto.
(1966)

domingo, 2 de outubro de 2011

Guia do Acordo Ortográfico

Para não errares, aqui vai uma ajudinha...

1 de Outubro, dia Mundial da Música


O Maestro Sacode a Batuta

O maestro sacode a batuta,
A lânguida e triste a música rompe ...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo ...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a de encontra à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos ...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Está à tua espera na BIBLIOTECA ESCOLAR

Todas as manhãs ele lê para ela, de um caderno desbotado pelo tempo, uma história de amor que ela não recorda nem compreende. Um ritual que se repete diariamente no lar de idosos onde ambos vivem agora. Pouco a pouco, ela deixa-se envolver pela magia da presença dele, do que lhe lê, pela ternura … E o milagre acontece. A paixão renasce, transpõe o abismo do tempo, as memórias perdidas, e por instantes ela volta para ele…            

Para estares sempre na" linha da frente"!

Se quiseres estar sempre atualizado, vem ler o Jornal Público à Biblioteca!
O SABER não ocupa lugar...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sugestão de leitura

Queimada Viva de Souad

Quando o amor antes do casamento é sinónimo de morte.

Souad tinha dezassete anos e estava apaixonada. Na sua aldeia da Cisjordânia, como em tantas outras, o amor antes do casamento era sinónimo de morte. Tendo ficado grávida, um cunhado é encarregado de executar a sentença: regá- -la com gasolina e chegar-lhe fogo. Terrivelmente queimada, Souad sobrevive por milagre. No hospital, para onde a levam e onde se recusam a tratá-la, a própria mãe tenta assassiná-la.

Hoje, muitos anos depois, Souad decide falar em nome das mulheres que, por motivos idênticos aos seus, ainda arriscam a vida. Para o fazer, para contar ao mundo a barbaridade desta prática, ela corre diariamente sérios perigos, uma vez que o “atentado” à honra da sua família é um “crime” que ainda não prescreveu.

Um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.

Com mais de 350 mil exemplares já vendidos em França, Queimada Viva encontra-se traduzido em 24 línguas e é presença assídua nas listas de best-sellers um pouco por todo o mundo. Nos Estados Unidos, a Warner Books prepara-se para editar a versão americana.

Procura o livro na tua biblioteca!

O Baile da Biblioteca

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um livro é uma casa

Um livro é uma casa
De muitas cores
Onde moram as histórias

Pegas numa
E fazes dela a companheira
Dos teus sonhos

Espraias os olhos
Pela janela das páginas
Em busca do desconhecido
E vês desfilar à tua frente
Os assombrosos Habitantes da fantasia

Um lobo sábio
Sentado debaixo de uma árvore
Com frutos esmeralda

Uma menina
Feita de rebuçado
Correndo numa seara
Um cavaleiro sem espada
Uma harpa falante
Um dragão de névoa
Pode ser longo ou curto
O teu passeio
Pelas várias divisões da casa

Quando te cansares
Fechas a porta serenamente
E adormeces feliz

Carlos Alberto Silva

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Bem-vindos à Biblioteca!





Batiam asas mas
sempre tropeçavam
em borboletas brancas.
As sílabas
na busca do palácio
das palavras.
Assim dizias tu
a desculpar
a visível mudez.
Quando a chuva lavava a pobre fala dos homens
choravas letras dentro dos dicionários.
As estantes gemiam ao peso das ideias
afogadas.
As larvas entretinham-se
a devorar discursos.
Não desesperaste.
E o dia aconteceu
em que disseste a única palavra permitida
a quem pela voz dos anjos se perdeu.



Helena Vieira da Silva